
Bem-Estar
‘Tired girl makeup’: o hype da cara de cansada
por Redação Belezinha
foto: Getty Images
Parecer cansada é a nova tendência de beleza. A trend, que vem sendo chamada de ‘weary chic” ou “tired girl makeup” nas redes sociais, aposta em olheiras, palidez e uma maquiagem propositalmente meio borrada. Muitas vezes associada a um visual gótico, a estética apareceu nos desfiles de outono/inverno 2025 de nomes como Meruert Tolegen e Elena Velez, e já conquistou adeptas como Jenna Ortega, Billie Eilish, Lily-Rose Depp e a modelo Gabbriette.
Depois de anos em que sinal de beleza era parecer descansada (com a ajuda de corretivos, cremes para olheiras e procedimentos estéticos), a tendência surge como contraponto: assumir o rosto real de quem vive hoje. A questão que fica é: o que é melhor? Assumir a estética do cansaço ou tentar disfarçar com uma maquiagem que promete te fazer parecer que dormiu oito horas, tomou um suco verde e fez yoga matinal?
Fato é que não dá pra separar estética do comportamento. Estamos todos exaustos diante de um contexto global que inclui políticas tarifárias, crises ambientais, além de uma enxurrada diária de informações, trabalho sem pausa e cortisol no talo. Não à toa, casos de burnout e outras questões de saúde mental crescem consideravelmente a cada ano — um estudo da Moodle/Censuswide mostra que 66% dos funcionários americanos sofrem algum tipo de burnout em 2025. E no Brasil, a síndrome é reconhecida como questão de saúde pública desde janeiro.
No livro “24/7: Capitalismo Tardio e o Fim do Sono” (2016), o pesquisador americano Jonathan Crary fala sobre como a globalização e a cultura profissional atual reforçam uma dinâmica que coloca em xeque a necessidade de descanso e pausa. No panorama da hiperaceleração, o esperado é produzir, entregar, concluir e recomeçar (de preferência, o mais rápido possível) — demandas que só cresceram enquanto tecnologias e redes sociais infiltraram nossa rotina com a promessa de ganhos para quem sabe agir na urgência e com foco na performance.
Outro bom exemplo é “A Sociedade do Cansaço” (2010), do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, que analisa como o modelo neoliberal transformou a disciplina em autoexploração: já não é o outro que cobra, mas nós mesmos que nos impomos metas e checklists a cumprir numa obrigação de performar continuamente, gerando mais esgotamento.
Outro bom exemplo é “A Sociedade do Cansaço” (2010), do filósofo sul-coreano radicado na Alemanha Byung-Chul Han. No livro, ele mostra como o neoliberalismo transformou a disciplina em autoexploração: já não é o outro que cobra, mas nós mesmos que nos impomos metas, checklists e a obrigação de performar sem pausa. O excesso de positividade — do “você consegue” ao “dê o seu melhor” — gera esgotamento e abre caminho para patologias contemporâneas, como depressão, TDAH e burnout. A vida, em vez de contemplativa, se organiza na cobrança incessante e na vigilância interior.
No episódio “Fugindo do Burnout”, do podcast Ciao, Bela, Vânia Goy e Iza Dezon reforçam como saúde mental é tema cada vez mais urgente diante de pressões sociais e profissionais que alimentam o cansaço crônico e como precisamos repensar nossos limites: