Como caminha a indústria de haircare em direção a sustentabilidade
Inovação

Como caminha a indústria de haircare em direção a sustentabilidade

por Manuela Aquino

foto: Alex Batista

Mais do que apenas benefícios para o rosto, corpo e cabelo, para o consumidor de hoje escolher um produto de beleza é, cada vez mais, entender que impacto ele gera no meio ambiente. É esse comportamento que vem direcionando as apostas de grandes conglomerados como Natura & Co, L’Oréal, P&G e Estée Lauder, por exemplo, em metas altas para redução de consumo de água, uso de embalagens recicláveis e emissão de carbono — a maior parte deles quer, em 2030, já estar mais em paz com a natureza. Para Iza Dezon, consultora estratégica e expert em tendências de moda, beleza e comportamento, esse novo olhar das marcas foi impulsionado pelo consumidor e pelos movimentos ecológicos, que começaram lá fora nos anos 70 e aqui no Brasil desde a ECO 92, e que ganharam ainda mais voz nos últimos dez anos via redes sociais. “Com as pessoas se manifestando cada vez mais, há um entendimento das marcas não só sobre possíveis perdas de mercado, mas também questões relacionadas à conservação da biodiversidade”, diz. 

Das várias categorias de produção na indústria cosmética, há uma que ainda engatinha quando se fala em sustentabilidade: os produtos para o cabelo. Há desafios do uso de ingredientes responsáveis pela experiência sensorial destes produtos (como espuma, fragrância, toque macio, por exemplo) às embalagens de uso único. A Natura, referência quando o assunto é refil, segue em busca de inovações para o segmento. “Nos frascos de xampu e máscaras de tratamento usamos PET reciclado, já nos frascos dos condicionadores utilizamos o plástico verde, uma resina da cana de açúcar – mesmo material usado nos famosos refis da marca”, diz explica Fernanda Rol, Diretora de Marketing da Natura. Com isso, segundo ela, há uma redução no uso de 724 toneladas de plástico. “Os nossos refis possuem 25% menos plástico que as embalagens regulares. Além disso, nossos plásticos são reciclados e/ou de origem renovável e 100% recicláveis, mantendo nosso compromisso com a circularidade”, completa.

De olho não só nas embalagens, mas também em todo o impacto que envolve a produção e consumo de xampus líquidos — desde o gasto com água até as emissões de CO2 –, nasceu a B.O.B (Bars Over Bottles), marca de produtos sólidos que conquistou o mercado brasileiro no último ano. “Percebemos que o consumidor brasileiro é muito exigente quando o tópico é haircare e skincare, mas ao mesmo tempo, super aberto a novidades. Pensamos que havia resistência maior ao conceito de sólidos e foi uma grata surpresa ver a abertura do mercado para essa nova categoria”, diz Andreia Quercia, co-fundadora B.O.B. Para ela, o aumento da busca por rituais e autocuidado no período de isolamento não pode ser isolada da noção de que tanto o corpo como o ambiente são nossos lares. “A experiência de autocuidado vai além das paredes do banheiro”, fala. 

As grandes também se movimentam neste sentido. A Natura, por exemplo, lançou no final do ano passado a Biōme, marca de produtos em barra e com foco em consumo regenerativo. Depois de seis anos de pesquisa chegou ao mercado os primeiros cinco produtos, entre eles xampu e condicionador, cujo principal ingrediente é o óleo de dendê proveniente do sistema agroflorestal SAF Dendê (que consegue transformar áreas degradadas em produtivas novamente, pois a oleaginosa é cultivada com outras espécies, e não em monocultura), no Pará. A proposta é materializar os princípios regenerativos ao empregar ingredientes derivados de soluções baseadas na natureza, garantindo máxima performance, alta naturalidade e sensorialidade, zero plástico e produtos 100% veganos através de uma cadeia produtiva regenerativa e de comércio justo.

L’Occitane en Provence, acaba de entrar neste campo com o lançamento da versão em barra do xampu da linha Aromacologia. “Nós temos compromissos socioambientais e nosso time de desenvolvimento de produto acompanha as inovações do mercado: essa combinação de fatores foi perfeita para nos aventurarmos na criação dos nossos xampus em barra”, diz Pierry Cöni, head da L’Occitane en Provence no Brasil. Segundo a marca francesa, o ponto principal do lançamento é a sustentabilidade, pois foi possível desenvolver um produto que rende mais do que a versão líquida. 

E esse é o caminho que deve ser seguido, para quem já tem no portfólio os produtos fidelizados, mas não quer perder o público mais antenado com as questões ambientais. “Qualquer marca, de beleza ou não, que queira alguma perspectiva de crescimento futuro, precisa estar alinhada com o conceito de sustentabilidade e pensar no impacto que seus produtos têm no meio ambiente. Em pouco tempo, o mercado inteiro terá isso como premissa básica para consumo”, finaliza Andreia. 

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