Hermès Cuir d’Ange: a flor do couro
Fragrância

Hermès Cuir d’Ange: a flor do couro

por Vânia Goy

Por  Dênis Pagani, do 1nariz

“Nem sei se poderia falar, provavelmente seria melhor ficar quieto, mas estava meio enjoado do estilo do Jean Claude-Ellena. Ele se orgulha de usar uma paleta pequena de matérias primas, tem seu ingredientes favoritos: cardamomo, cominho, grapefruit, as madeiras sintéticas usadas com mãos de fada, sem nenhuma ponta escapando. Pautado por uma ideia de transparência, são perfumes que se acomodam na pele ao invés de se agarrar a ela, cheios de elegância.
Se por um lado demonstra consistência e um estilo próprio, mais do que bem vindos em qualquer área de criação, as vezes o estilo de quem usa muda e a coisa já não bate mais – problema meu, não dele.

Até que vieram Jour d’Hermès e, agora, Cuir d’Ange (R$871, 100 ml), o último da linha Hermessences, que deve chegar ao Brasil este mês. O perfume fica na esquina do couro com o floral atalcado, uma mistura que talvez seja a melhor maneira de dizer “chic” olfativamente.

O couro tem  associação óbvia com objetos bem acabados e caros, da carteira aos bancos do carro. E na minha experiência, quando mulheres dizem que buscam “um perfume de mulher rica”, isso se traduz num perfume atalcado. Homens, não temam: o efeito é o mesmo que faz Dior Homme ser a delícia que é. Provavelmente, a origem da associação entre atalcado e chic é a íris, matéria-prima das mais caras da perfumaria, que é extraída do bulbo de onde nasce a flor. A planta deve ser criada por três anos. Depois, os bulbos são secos por mais três, para que a parte odorante se desenvolva, e só então dá para ter uma ideia do custo.

Cuir d’Ange é um couro sutil e delicado, sem ir para extremos escuros que lembram o animal de onde a peça partiu. O couro é mais marcado na saída do perfume, ao longo do tempo a impressão atalcada e difusa cresce, com um leve acento floral. É bem “sem sexo”, talvez emprestando a idéia do nome. Tudo bem desenhado e equilibrado, é de um chic fácil de portar, sem exigir humores especiais de quem usa. Senti falta de um pouco mais de duração apesar de várias borrifadas.”

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