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A fase erótica das fragrâncias, pesquisa sobre saúde da pele no Brasil e mais
por Manuela Aquino
A perfumaria é um dos mercados mais movimentados — e sedentos por novidades. Parte disso se reflete nos números: o mercado global de fragrâncias está projetado para gerar uma receita de US$ 62,11 bilhões em 2025, segundo a Statista. E 63% dessas vendas devem vir do segmento de fragrâncias não-luxuosas. Para atender a esse grande público, a indústria começa a responder a mudanças sociais recentes com uma virada conservadora, especialmente no que diz respeito ao direito reprodutivo das mulheres. Nesse contexto, os perfumes surgem como uma nova maneira de lidar com a sexualidade — de forma sensível, criativa, provocante. O fundador da Heretic, Douglas Little, lembra que nos anos 1920 houve algo parecido: “À medida que as pessoas rejeitavam a ideologia conservadora, os perfumistas reagiram e criaram fragrâncias que foram projetadas para serem sedutoras e para ter um toque de sexualidade. As histórias que as fragrâncias contavam eram histórias de fumar cigarros e sair por aí, flertando”, disse ao WWD. Hoje, marcas como a francesa Jouissance se distanciam da abordagem tradicional e colocam o desejo no centro. Seu hit En Plein Air foi inspirado em livros eróticos femininos e tem cheiro de “sexo ao ar livre”. Já a L’Objet lançou o perfume Blindfold, inspirado na ideia de uma venda nos olhos — para intensificar os sentidos e evocar a sensualidade.
A sensualidade sempre esteve na perfumaria — seja nos anúncios, seja nos acordes olfativos que despertam o desejo. O que muda agora é a narrativa: novas notas, novos gestos, novas intenções. Segundo uma pesquisa da dsm-firmenich, os consumidores estão buscando uma abordagem mais realista do sexo, menos fantasiosa e mais emocional. “Nossas pesquisas globais revelam uma mudança clara. A sensualidade está se afastando da fantasia e se aproximando da realidade sentida. Não se trata de ser vista, trata-se de estar perto”, disse ao WWD Justin Welch, diretor global de marketing da dsm-firmenich. A Givaudan também captou esse movimento e lançou a CheriScentz, uma tecnologia que detecta se uma nota ou composição pode aumentar a sensação de sensualidade — uma inovação com feromônios e afrodisíacos.
Aqui no Brasil, o mercado também tem ficado mais quente. A Avon lançou Attraction Closer, uma dupla de fragrâncias — masculina e feminina — com foco na conexão entre os corpos. “O Attraction Closer está no exclusivo acorde ‘pele com pele’, que se inspira na conexão química natural entre dois corpos em movimento, trazendo um olfativo para ela e para ele. Presente nas duas fragrâncias e validado por estudos em neurociência, esse acorde evoca a sensação de intimidade e sintonia, como em uma dança envolvente”, disse ao Belezinha Valéria Conceição, head de marketing de perfumaria da Avon Brasil. A criação, desenvolvida com a Firmenich pelos perfumistas franceses Jacques Huclier e Guillaume Flavigny, se inspira na tendência dos perfumes orientais: o masculino é oriental amadeirado e o feminino, oriental gourmand. “Entendemos essa demanda por mais conexão, usando a neurociência para criar uma proposta única de perfumes tanto feminino quanto masculino que se complementam e são uma tradução do toque físico”, completou Valéria.
Já O Boticário colocou o corpo feminino no centro da conversa com o lançamento de Her Code e Her Code Touch. “Enquanto o primeiro lançamento trouxe o Código Secreto como símbolo de libertação, Touch explora o toque como linguagem de conexão com o próprio corpo. A fragrância se aprofunda nesse território com uma assinatura olfativa mais envolvente e quente, marcada pela sofisticação da Baunilha Absoluta”, contou ao Belezinha Fernanda Marques, diretora da categoria de perfumaria feminina do Grupo Boticário. A proposta nasceu de uma inquietação: como a perfumaria pode ir além da estética e se tornar instrumento de expressão íntima? A resposta veio em dupla: Her Code Touch foi lançado ao lado do livro Her Code, que trata de prazer e autoconhecimento feminino. “Vivemos um momento em que as mulheres estão ressignificando suas próprias narrativas. Sobre corpo, prazer, liberdade. E a perfumaria, como linguagem sensorial e afetiva, tem um papel poderoso nessa conversa. Temas como autoconhecimento, conexão e prazer feminino deixam de ser tabus e passam a ser catalisadores de inovação dentro da perfumaria. E isso não é apenas tendência, é transformação cultural”, finaliza Fernanda.
TOP 3
1. Estudo inédito L’Oréal, SBD e Datafolha
Um estudo inédito sobre o acesso à dermatologia no Brasil revelou um cenário preocupante: 90 milhões de brasileiros — o equivalente a 54% da população com 16 anos ou mais — nunca passaram por uma consulta dermatológica. A pesquisa foi realizada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), em parceria com o Instituto Datafolha e a divisão de Beleza Dermatológica do Grupo L’Oréal. Entre os entrevistados, 46% dos idosos com mais de 60 anos também nunca consultaram um especialista. A consulta regular ainda é exceção: apenas 6% da população brasileira tem esse acompanhamento. E o desconhecimento sobre o papel do dermatologista também pesa: 17% das pessoas não sabem que esse profissional é da área da saúde. Além disso, quatro em cada dez brasileiros perceberam sinais como queda de cabelo, manchas ou pintas e não investigaram a causa. E 20% afirmou não observar a pele, os cabelos ou as unhas no dia a dia. “Neste ano, a Organização Mundial da Saúde reconheceu oficialmente as doenças de pele como prioridade global de saúde pública, o que reforça a urgência de ampliar o acesso ao atendimento dermatológico. No Brasil, essa limitação compromete o diagnóstico precoce e o tratamento adequado de diversas condições, que, quando não tratadas, podem evoluir para quadros graves e afetar diretamente a saúde integral do paciente”, disse o dermatologista Carlos Barcaui, presidente da SBD. O estudo na íntegra, pode ser conferido neste link.
2. A expansão de O Boticário na perfumaria de nicho
A nova coleção de fragrâncias da linha Privée traz flores narcóticas como beladona, papoula e tabaco, em uma edição limitada. Como característica da perfumaria de nicho, as criações Belladonna, Poppy e Tobacco trazem no frasco ingredientes pouco explorados no Brasil com assinatura de perfumistas internacionais como Sonia Constant, Guillaume Flavigny e Leandro Petit. Também investe na embalagem com arte contemporânea feito pelo artista visual Gabriel Wickbold. “Só uma marca como Privé tem envergadura para chegar e apresentar de uma forma tão instigante. Uma qualidade, uma execução, um cuidado na forma de apresentar essas flores narcóticas que atrai”, disse ao Belezinha Paulo Roseiro, diretor-executivo de perfumaria do Grupo Boticário. Para a marca, este trio posiciona O Boticário como pioneiro do segmento de nicho entre as grandes marcas do mercado nacional e marca também a chegada do portfólio de Privée a mais lojas. “Este lançamento vai pra cinquenta lojas. É quase o mínimo que a gente deveria estar pra ter uma expressão. E mesmo numa escala maior, ainda é limitado. Estamos vendo no mercado de nicho que a distribuição no mundo está aumentando”, fala.
3. Natura quer ser 100% regenerativa até 2050
Durante um evento na última semana, a Natura anunciou uma nova ambição: deixar de ser apenas uma empresa sustentável para se tornar 100% regenerativa até 2050. A meta foi apresentada no lançamento da Visão 2025–2050, estratégia que passa a incorporar e expandir o Compromisso com a Vida, lançado em 2020. “A Visão reforça nossa convicção de que o futuro exige uma construção no presente e sustentar as coisas como estão já não basta. Como na lógica de uma floresta, estamos apostando na interdependência das relações como motor de crescimento, não apenas para nossos resultados enquanto companhia, mas para toda a sociedade”, disse no evento João Paulo Ferreira, CEO da Natura. Entre os compromissos firmados estão a meta de zerar as emissões líquidas próprias até 2030 e as da cadeia até 2050, além de atingir 100% de plástico de origem renovável e compostável no portfólio até o mesmo ano. No campo social, a Natura pretende quadruplicar as compras de insumos da sociobiodiversidade da Amazônia até 2030, e aumentar em 10% o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) das Consultoras de Beleza no mesmo período. Até 2050, o objetivo é garantir renda digna para 100% dessas profissionais.
E mais:
. Dermaclub, clube de vantagens das marcas da divisão de Beleza Dermatológica do Grupo L’Oréal, anuncia parceria com o iFood e benefícios exclusivos na compra de dermocosméticos em lojas parceiras dentro do app.
. O Beauty&Play, da Sephora, acontece até 20/7 no Shopping Eldorado, em São Paulo. A programação inclui workshops, ativações interativas, presença de influenciadores e lançamentos. Gratuito, das 10h às 22h.
. Na celebração de seus 50 anos, a La Roche-Posay lança ação solidária: durante o mês de julho de 2025, a marca vai doar R$ 1 para a plataforma WeCancer a cada unidade vendida da linha Cicaplast. A campanha visa beneficiar 30 mil pacientes em tratamento oncológico.
. L’Occitane au Brésil e Ypê lançam uma colaboração inédita com dois amaciantes perfumados: Ninfa das Águas e Brésil, em edição limitada com campanha estrelada por Bianca Andrade.
. Liniker é a nova embaixadora brasileira de L’Oréal Paris.
. A Wella Professionals apresentou quatro novos integrantes em seu time de artistas: Isabelle Ramos, Kellyelson Leal, Nagila Haddad e Pedro Pinheiro, que já eram experts da marca. O anúncio foi feito durante o Wella Community Training em São Paulo, que reuniu mais de 400 cabeleireiros.
. A Estée Lauder aposta no mercado asiático com uma pop-up no aeroporto de Incheon, na Coreia do Sul. A ação inclui tratamentos faciais no terminal e sessões exclusivas a bordo da Korean Air.
. Ulta Beauty compra a rede britânica Space NK por mais de £ 300 milhões, marcando sua entrada no mercado europeu. Especializada em beleza premium, a NK tem 83 lojas no Reino Unido além de um e-commerce super forte.
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