
Fragrância
O boom da perfumaria árabe no Brasil
por Redação Belezinha
foto: Bruna Guerra
Mais do que um cheiro, as fragrâncias são, para diversas culturas árabes e asiáticas, instrumentos de contemplação, espiritualidade e memória coletiva. É essa linguagem sensorial da perfumaria oriental — mais especificamente, a árabe — que tem conquistado mais e mais consumidores ao redor do mundo.
Marcada por frascos exuberantes e ingredientes opulentos, como oud e âmbar, a categoria é uma tendência global e vem conquistando consumidores brasileiros por sua originalidade, longa duração, embalagens luxuosas e preços atraentes. Só em 2024, o segmento movimentou mais de R$ 20 milhões no país — um salto de 380% em relação ao ano anterior, segundo dados da Circana. Para Ana Seccato, diretora comercial da empresa, essa categoria entrega exatamente o que o público nacional valoriza: perfumes marcantes com maior durabilidade. “Nos últimos dois anos, vimos essa tendência ganhar força globalmente, e no Brasil ela encontrou terreno fértil. A mulher brasileira, em especial, busca fragrâncias memoráveis, o que torna os perfumes árabes um verdadeiro match com esse perfil”, diz.
O porquê do boom
A gente por aqui tem palpites do boom de novelas turcas, com muita audiência mobilizada nas redes sociais, aos participantes do BBB e suas fragrâncias. No Tik Tok, o fenômeno é indiscutível: os posts no marcados com #perfumearabe ultrapassam os 60 mil e têm viralizado especialmente entre consumidores da geração Z. E vale lembrar que nem sempre os perfumes árabes são de marcas realmente árabes: na verdade, eles são caracterizados por serem da família oriental, com notas quentes de especiarias e fundos ambarados e amadeirados. Essas notas são, inclusive, responsáveis pela tal alta duração, ponto positivo apontado pelos brasileiros.
Além do movimento online, os frascos ricamente adornados também contribuem muito para o apelo de marcas como Mawwal, Al Haramain — fundada em Dubai em 1970, e que chegou recentemente ao Brasil com 20 fragrâncias — e a Khadlaj, importada pela BR Brand Imports com 13 fragrâncias (incluindo eau de parfums e óleos concentrados), a partir de R$ 300. Já a Sephora também entrou no movimento ao trazer com exclusividade a Kayali, marca criada pela iraquiana-americana Mona Kattan, inspirada no conceito de perfumaria árabe e baseada na técnica do layering, com fragrâncias produzidas na França em parceria com a Firmenich. Na Neeche, especilista em alta perfumaria de nicho, também é possível encontrar marcas do tipo como a Nishane, Bond No.9 e mais.
Inspiração pura
Grandes marcas ocidentais também surfam na onda. Tom Ford, Jean Paul Gaultier, Tory Burch e outras casas já lançaram fragrâncias com notas orientais e firmaram colaborações com influenciadores árabes para ampliar sua presença global.
No Brasil, o Grupo Boticário — atento aos sinais desde os anos 1990, com criações como Tanit e Tuareg — tem apostado numa releitura mais atual da estética árabe, combinando performance e desejo. É o caso do Diva Suprema, de Eudora, que desde o lançamento virou sucesso e lidera as vendas no e-commerce da marca. “Quando falamos de perfumaria árabe, estamos falando também de uma estética que carrega intensidade e um repertório sensorial e visual muito próprio. No Grupo Boticário, unimos ingredientes marcantes como oud, âmbar e especiarias a uma leitura mais próxima do nosso público. Isso aparece desde o tipo de aplicação, na intensidade da fragrância, até no design dos frascos. A ideia é criar um ponto de encontro entre o refinamento da perfumaria árabe e os códigos de desejo e conexão do brasileiro”, diz Renata Gomide, VP de marketing do Grupo Boticário, em entrevista ao Belezinha.
Além da inspiração para novas fragrâncias, uma das iniciativas mais recentes é a criação de uma landing page dedicada à perfumaria árabe na Beleza na Web. “A criação da landing page dedicada à perfumaria árabe na Beleza na Web é um reflexo direto do mapeamento de tendências e da escuta ativa que mantemos com o nosso consumidor. A alta procura por esse tipo de perfumaria, impulsionada pelas redes sociais, nos levou a reunir, em um único ambiente, conteúdo, curadoria e uma navegação mais intuitiva, conectando com mais assertividade o consumidor a esse repertório olfativo”, afirma Gomide.
Para a executiva, o hype tem tudo a ver com a forte e histórica conexão do consumidor brasileiro com perfumes marcantes. “O que vemos agora é uma intensificação desse movimento — potencializada pelo acesso à informação, pelas redes sociais, pela valorização da cultura oriental e pelo desejo por fragrâncias de longa duração”, finaliza.