Como a indústria da beleza está se movimentando para ser mais diversa e inclusiva
Futuro

Como a indústria da beleza está se movimentando para ser mais diversa e inclusiva

por Manuela Aquino

O último ranking Top 100 Most Diverse & Inclusive Organizations Globally elegeu a Natura como a segunda empresa mais diversa e inclusiva do mundo. Não à toa, a empresa vem desenvolvendo políticas de inclusão para seus funcionários — uma demanda da sociedade por mais equidade dentro das grandes corporações e também dos consumidores que, além de conhecer os produtos, buscam empresas com impacto social positivo. Um dos objetivos do “Compromisso com a Vida – Visão 2030”, divulgado pelo grupo Natura &Co, é o aumento da diversidade em 30% para todas as marcas do grupo — e quando se fala em diversidade, estamos falando de racial e étnica, sexual e de gênero, além da inclusão de pessoas com deficiência e em situação social e econômica desfavorecida. “Temos benefícios de saúde, por exemplo, há mais de quinze anos para companheiros LGBTQIA. Assim como abertura e acolhimento de filhos de funcionários independentemente da identidade de gênero do colaborador”, explica Milena Buosi, gerente de diversidade e inclusão da Natura &Co Latam. Pelo segundo ano consecutivo, o programa de estágio tem mais de 50% dos jovens universitários autodeclarados negros (em 2020 foi 60%). “A preocupação também é na hora da seleção, para que haja horários ampliados para os que já trabalham e que favoreçam o deslocamento para chegar até a empresa”, diz. Milena conta ainda que a Natura trabalha também para que a inclusão de pessoas com deficiência vá para além do previsto nas leis de cota — o índice ficou em 7,3% e de 2014 a 2020, o indicador avançou 46% nas contratações.

De dentro pra fora

Agora, o caminho é que a diversidade expanda também para os produtos, já que esse é um desafio da indústria. A Rexona lançou recentemente um desodorante feito para pessoas com deficiência, cuja embalagem é mais fácil de manusear para quem tem dificuldade. Já a maquiadora Terri Bryant tinha dez anos de carreira quando foi diagnosticada com Parkinson e, a partir daí, criou uma linha de maquiagem e acessórios para pessoas com tremor nas mãos — os produtos são desenhados para dar mais firmeza e agilidade na aplicação.

A Natura, desde 2013, a empresa usa o sistema braille em suas embalagens. “Temos um grupo multi para desenvolvimento de embalagens para que possamos aprimorar, queremos uma empresa potente em todos os sentidos”, diz Milena. No portfólio a Coleção do Amor, de Natura Faces, foi lançada em celebração ao mês do orgulho LGBTQIA+ e os hidratantes TodoDia têm no DNA a celebração de todos os tipos de corpos em suas campanhas.

O grupo L’Oréal é outro bom exemplo de como a movimentação pela inclusão, além de políticas internas, pode e deve chegar aos produtos. Dentro da empresa, o time de Diversidade & Inclusão, atua em quatro pilares: equidade de gênero, LGBTQI+, étnico-social e equidade racial, inclusão de pessoas com deficiência, sendo que as mulheres representam 53% dos cargos de liderança e 64% do quadro funcional, explica Renata Dourado, diretora de Diversidade & Inclusão L’Oréal Brasil. Já da porta pra fora, pensando em produtos e consumidores, o objetivo é desenvolver cosméticos para todas as pessoas, todas as peles e cabelos, passando por um processo de co-criação. “Não só ouvir as pessoas como desenvolver com elas. Estamos realizando painéis com consumidoras diversas para ouvir insights e entender suas demandas”, diz Renata.

O grupo também usa tecnologia para futuras criações com maior variedade: o time de Pesquisa & Inovação conduziu um estudo em oito países na América do Norte e do Sul, Europa, Ásia e África, onde mediram mais de 5.000 tons de pele e os resultados alimentam um banco com informações. “Usando um algoritmo, os pesquisadores foram então capazes de identificar seis grupos e 18 subgrupos de tons de pele em todo o mundo. Ao combinar essa categorização com uma análise dos hábitos de maquiagem em cada país, a L’Oréal co-criou tons para oferecer aos nossos consumidores produtos mais inclusivos de acordo com as necessidades de cada mercado local”, diz.  E o que se tem na prática hoje? Na categoria de maquiagem, a linha Fit Me, de Maybelline NY, que conta com 18 tons, ganhou subtons que facilitam a escolha da cor. Já em proteção solar, foi lançado por aqui a cor negra do protetor mate de Garnier — criado juntamente com a cantora IZA e mais cinquenta consumidoras negras.

Variedade de cor
Cores para todos os tons de pele, principalmente para mulheres negras é uma questão que as empresas precisam encarar. Em novembro do ano passado, a AVON, divulgou uma pesquisa cujos dados surpreendem: 46% delas disseram que o principal motivo de desistirem da compra de base, corretivo ou pó é não achar o tom ideal e 57% dizem que já compraram mais de um produto para fazer a mistura que combinasse com sua cor de pele. Como resultado foram lançados produtos para pele que atendessem as demandas dessas mulheres. Dentro da empresa há, desde 2020, o Compromisso Antirracista — um plano de ação para equidade étnico racial. Entre as metas, contratar ao menos 50% de pessoas negras em processos seletivos.

Top 3

1. Fenty Beauty fez Rihanna se tornar bilionária
Falando sobre diversidade: a Fenty Beauty, marca de cosméticos da cantora de 33 anos, a tornou oficialmente bilionária na semana passada, de acordo com a Forbes — dos 1,7 bilhão de dólares de Rihanna, estima-se que 1,4 bilhão seja proveniente do valor da Fenty Beauty. Criada em 2017, em parceria com a LVMH, a empresa é 50% da cantora e causou furor no mundo da beleza desde o lançamento: seus produtos, logo de cara, estavam em 1600 lojas de 17 países e oferecendo uma gama de tons e cores nunca antes vista em uma marca iniciante. O resto da fortuna da cantora vem, principalmente, de sua empresa de lingerie, Savage X Fenty, avaliada em 270 milhões, além de seus ganhos com a música.

2. Beyoncé fala sobre cultivo de cannabis e autocuidado
A cantora é a estrela de capa da Harper’s Bazaar americana deste mês e a entrevista principal repercutiu por conta da revelação de que Beyoncé cultiva cannabis em sua fazenda. Ela conta que descobriu os benefícios do canabidiol em sua última turnê para aliviar dores e inflamações no corpo, melhorar o sono e diminuir suas noites agitadas e agora, está investindo em uma fazenda de cânhamo e mel. Apesar de não ter dado detalhes se o projeto é também um negócio, disse que quer criar rituais e repassá-los para as próximas gerações, como fizeram seus ancestrais. Para ela, cuidar de si, hoje, é uma prioridade. Além de falar que sente consequências devido ao ritmo das turnês com anos de desgaste nos músculos por dançar de salto, também comentou do estresse do cabelo, por causa de modeladores e sprays, e da pele com maquiagem pesada. “Saúde mental também é autocuidado. Estou aprendendo a quebrar o ciclo de problemas de saúde e negligência, concentrando minha energia em meu corpo e observando os sinais sutis que isso me dá. Seu corpo diz tudo que você precisa saber, mas eu tive que aprender a ouvir”, disse à publicação.

3. Setor de higiene e cosméticos tem crescimento no primeiro trimestre do ano
Depois uma expansão de 5,8% em 2020, a alta foi de de 5,7% em vendas no primeiro quadrimestre de 2021, segundo os dados da Associação Brasileira das Indústrias de Higiene Pessoal Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC) divulgados pelo site Brazil Beauty News. Um dos motivos seria a reabertura do comércio de rua e shoppings. O setor de perfumaria teve o melhor desempenho com alta de 22% – a categoria feminina cresceu 26% e a masculina 15%. Outro setor que continua em alta é o de produtos de higiene pessoal com crescimento de 11,4% com destaque para sabonetes (23%). 

E mais

. Em uma nova iniciativa da Natura, agora consultoras da marca ganham lucro extra ao treinar outras consultoras.
O projeto piloto feito em fevereiro do ano passado colocou em prática a remuneração de quem treinasse seus pares. Segundo Penélope Uiehara, diretora de marketing de relacionamento da Natura, o adicional pode representar 50% a mais em relação à atividade de consultora.

. A Holistix inaugura sua primeira loja física. Em esquema pop up, a unidade fica em Pinheiros, zona oeste de São Paulo, no formato de uma banca e dividirá espaço com a bebida Kiro até o fim do ano.

. Na contramão da crise, a marca pernambucana Yes! Cosmetics abriu 16 lojas em todo país desde janeiro até agora e contabiliza 90 no total pelo país. Os modelos de loja para os franqueados estão mais digitais e contam com checkouts móveis para evitar filas. 

. A Mahogany expande seu portfólio com a coleção Experience e lança fragrâncias na categoria luxo — três masculinas e três femininas, a partir de R$ 200 cada.

. Uma linha de produtos orgânicos é a nova aposta da Mustela. A Linha Bio, é a primeira com a certificação internacioanal Ecocert Cosmos Organic — tem embalagens sustentáveis e 99% dos ingredientes de origem natural, em média.

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