De embalagens temáticas a texturas ricas em tons de laranja, roxo e preto que atraem o público à primeira vista, na época que antecede o Halloween — principalmente nos Estados Unidos, onde a data é levada muito a sério — muitas marcas de beleza aproveitam para lançar produtos. É o caso de Urban Decay, por exemplo, que este ano aproveitou a ocasião e entrou no metaverso com uma festa no Roblox que teve Paris Hilton como anfitriã.

Já por aqui, a gente ainda engatinha um pouco no assunto, mas quem abriu as portas e atraiu os olhares para a festividade foi Bruna Tavares, que lançou a primeira coleção brasileira dedicada ao assunto no ano passado e este ano está brilhando com a The Magician — que conta até com um blush preto que muda de cor na pele! — nas redes sociais. Em entrevista ao Belezinha, ela conta como surgiu a ideia de criar a nova linha, como pensa em seu portfólio e qual é sua relação com as comunidades online, especialmente no Tik Tok. Confira:

Como foi o processo de desenvolvimento do blush preto [The Magician Black Blush]. Você começou a pensar a partir de um insight do Tik Tok?
No ano passado, eu fui a primeira marca a ter coleção de Halloween no Brasil e agora viemos com a The Magician. O Tik tok me influenciou nesta coleção porque eu queria muito criar um produto que tivesse uma brincadeira diferente, que viralizasse e rebatesse no reels. Uma coleção que unisse o ilusionismo e a maquiagem, algo que fosse muito curioso. Daí, a criação de um blush preto que você aplica e muda de cor e que funciona em todos os tons de pele, de um pó facial totalmente roxo, que você pode usar também como sombra e blush, além do gloss brilhante que também muda na aplicação. A ideia era gerar uma estranheza que acaba viralizando. 

O TikTok é diferente do que você tinha vivenciado no comportamento de redes sociais? Ele é mais sobre o viral e menos sobre a comunidade?
O Tik Tok é muito sobre o viral total. Você não precisa ter uma conta com muitos seguidores para viralizar e isso é muito interessante. Eu demorei de certa forma a entrar, mas a hashtag do meu nome já tinha milhões de menções, então eu já estava lá pelo público. Começamos a ver influenciadores que não eram do Instagram viralizando conteúdos com apresentação de produtos, dica de maquiagem, com novos usos. Aí, criamos a conta da marca para fortalecer a comunidade, repostando conteúdo, presenteando e passamos a desenvolver conteúdo e até produto. 

Você chegou a ficar com receio por ser uma rede nova? Ou isso te estimula? 
Uma rede nova, geralmente, dá aquela sensação de “mais uma?” e, no começo, confesso, que tive isso com o Tik Tok. Pensei: “Como vou dar conta? Reorganizar a equipe, contratar mais gente”. Mas é aquele momento em que você tem que parar, dar um passo para trás e depois dar dois para frente. Pausar o que está fazendo para reelaborar uma estratégia. Hoje estamos com uma equipe que produz para todas as redes de forma equilibrada — quando vamos produzir para o reels, produzimos para o Tik Tok também. Mas primeiro é preciso parar, entender como faz, como funciona o algoritmo, para depois começar a reabastecer. 

A gente fala muito sobre criação de comunidade na hora de desenvolver produtos hoje, mas você fez isso há dez anos (!) na hora de pensar no seu portfólio. Como foi esse processo?
O desenvolvimento da comunidade começou quando eu criei o blog, em 2009, para me colocar dentro da carreira de jornalista e fazer portfólio. Em seis meses consegui espaço no UOL e na revista GLOSS, da editora Abril. Ao mesmo tempo a comunidade ia se formando e fazendo muito bem para mim, pois eu estava ali trocando informações e desejos com pessoas que compartilhavam o mesmo amor pela maquiagem. Era um espaço que não existia, onde as makeup junkies se encontravam. Quando eu lancei o primeiro primeiro produto, anunciei para esta comunidade o que ia fazer e elas amaram. Era algo como “minha amiga, que eu chamo aqui para conversar e trocar está lançando um produto”. Então, foi algo que aconteceu naturalmente, da participação da comunidade, pois já acontecia no blog.

Você já criava pensando no tanto que eles poderiam “viralizar” na sua comunidade?
Eu não pensava em viralizar, isso é algo até muito recente para mim. Mas já tinha este espírito da coisa, pois sempre pensava em agradar a comunidade em despertar desejo. Isto foi sempre muito claro, pois eu sempre me coloquei no lugar de consumidora. “Que tipo de produto chamaria minha atenção?” Se chamasse minha atenção, chamaria a do meu público. Sempre quando pensava em lançamento, em uma cor, por exemplo, questionava o que faria uma pessoa que tivesse um monte de batons escolher o meu produto.

Parte da sua sacada é ver o que anda bombando de tendência lá fora e propor uma forma de uso dentro do seu portfólio ou de fato lançar um produto inteiramente novo, mas acessível. O quanto essa relação é retroalimentada pela audiência?
Olhar as tendências internacionais e trazer inovações faz parte do meu dia a dia. No começo trazer as tendências funcionava muito, pois elas demoravam para chegar aqui. Quando eu lancei o batom Hermione, por exemplo, lá fora estava bombando um batom acinzentado da Lime Crime. Eu fiquei monitorando aqui no Brasil, e ainda demorou dois anos para o mercado lançar algo parecido. Hoje, o processo é muito mais rápido, se eu esperar demais, fico atrasada. Preciso monitorar minha comunidade, e outras de maquiagem. Sempre penso: “Me daria borboletas no estômago?”, “Eu daria like nesta foto?”, “Vai viralizar?”. Às vezes é uma tecnologia nova, em outras é buscar uma outra funcionalidade para um produto, como foi o caso do BT Plush e do BT Velvet, que não são fórmulas inovadoras, mas jeitos inovadores de apresentar o produto. 

(por Vânia Goy)

Top 4

1. Meta e L’Oréal lançam programa de aceleração de startups com foco no metaverso
O programa de aceleração de startups com o Meta, dona do Instagram e Facebook, e o Grupo L’Oréal vai apoiar ideias criativas e a inclusão no ecossistema metaverso e blockchain. Anunciado nesta semana, o projeto será realizado no campus de startups STATION, que fica em Paris. Entre janeiro e junho de 2023 cinco novas empresas, selecionadas por um júri de especialistas, receberão apoio de uma incubadora de startups para dar vida aos projetos, focados em tecnologia, como criação de avatar e tecnologias web3, como economia de tokens. Este não é o primeiro empreendimento da L’Oréal na Web3 ou no metaverso: no ano passado, a L’Oréal Paris lançou uma campanha NFT celebrando artistas mulheres e a NYX Cosmetics lançou uma coleção de avatares em comemoração ao mês do orgulho LGBTQIAP+.

2. Nivea lança skincare com ativo vindo do upcycling
O creme facial para o dia Nivea Naturally Good Energizing entra na era da economia circular colocando em sua fórmula borra de café. Através do upcycling, pela primeira vez na história da empresa, se transforma em um óleo, rico em antioxidantes e que tem ação anti-inflamatória. Segundo o International Institute of Coffeeology, mais de nove bilhões de quilos de café são consumidos no mundo todo ano e nas plantações há enorme desperdício, sendo que os grãos quando chegam no processo de decomposição soltam metano, algo prejudicial para o meio ambiente. O frasco também é de material reciclado e o papelão certificado pelo FSC sendo derivado de florestas com manejo sustentável.

3. Nos Estados Unidos e Canadá, Unilever faz recall de xampus secos
Os produtos são das marcas Dove, Nexxus, Suave, TIGI e TRESemmé fabricados antes de 31 de outubro. Eles foram recolhidos nos Estados Unidos e Canadá por conta de uma possível presença de benzeno — substância potencialmente tóxica. Segundo o conglomerado, não houve relato de nenhuma reação adversa ou algo parecido por parte dos consumidores e o recall foi feito por precaução. A ação partiu de uma investigação interna que detectou que o propelente na lata de spray era a fonte do benzeno (quando descobriu, a empresa disse que estava trabalhando com fornecedores para resolver o problema). A Unilever não foi a única este ano — a Banana Boat e a marca de desodorantes Suave também fizeram recall por conta da presença de benzeno em seus produtos. 

4. Mary Kay se junta às Nações Unidas pela proteção dos oceanos 
A empresa passa a fazer parte do Ocean Stewardship Coalition do Pacto Global da ONU, um esforço global liderado por agências da ONU para reunir empresas do setor privado e ONGs para abordar a saúde do oceano por conta das mudanças climáticas. Agora, a Mary Kay passa a fazer parte da iniciativa , reforçando seu compromisso de garantir um oceano saudável e produtivo — a união deve render frutos, já que a Ocean Stewardship Coalition busca alavancar o envolvimento do setor privado para aumentar a conscientização sobre os oceanos e desenvolver inovação inteligente para o clima. Os líderes empresariais que se juntam na coalizão são chamados para fazer políticas inteligentes em relação ao clima.

E mais:

. A Beautyworld Middle East 2022, que acontece em Dubai entre 31 de outubro e 2 de novembro, vai receber cinquenta e duas empresas brasileiras. A iniciativa é fruto de uma parceria entre a Associação Brasileira da Indústria de Cosméticos, Higiene Pessoal e Fragrâncias (ABIHPEC) e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Yamá, Truss e Amend estão entre as participantes. 

. Pantera Negra: Wakanda Forever é tema da nova coleção da M.A.C. Em uma edição limitada (à venda à partir de 1° de novembro) com embalagens inspiradas no filme, a linha traz paleta com oito sombras, quatros cores de batons terrosos, quatro batons líquidos, gloss labial e dois iluminadores em tons de dourado quente e bronze chocolate dourado. 

. A novela Todas as Flores, uma produção original da Globoplay, terá a Natura como patrocinadora. Entre as ações, haverá gravações em Cajamar quando a personagem Maíra, interpretada por Sophie Charlotte, conhecerá o laboratório de perfumaria da marca. 

. Com um investimento de mais de vinte milhões de reais, incluindo rebranding e reformulação na linha de sabonetes, a Francis vai lançar uma campanha nacional e terá como rosto a atriz Ísis Valverde.

. SkinLovers Club é o nome da nova plataforma lançada pela Johnson & Johnson Consumer Health. Sob o guarda-chuva das marcas Neutrogena e Neostrata, será um programa de relacionamento que permite acúmulo de pontos e terá muito conteúdo com matérias que falam sobre cuidados com a pele, além de resenhas de produtos.