Você também anda tendo sonhos intensos?
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Você também anda tendo sonhos intensos?

por Vânia Goy

Gente, vocês andam tendo uns sonhos esquisitos?“. Mandei essa mensagem nos grupos de WhatsApp das amigas achando que só eu estava vivendo verdadeiros roteiros de ficção durante à noite, mas descobri que não. Os relatos que recebi eram os mais variados possíveis: de reuniões familiares e balada com as amigas a tsunamis e insetos em profusão. Pesquisei se as noites cheias de sonhos (ou pesadelos!) vívidos e elaborados eram um sinal desses tempos. No Los Angeles Times, o título já entrega. “Sim, estamos todos tendo sonhos intensos depois do corona vírus”. 

Uma das razões apontadas por Rubin Naiman, psicólogo e especialista em sono da Universidade do Arizona, é que se a nossa vida anda mais agitada, os sonhos também respondem a ela. Na rotina de sempre temos menos coisas pra “digerir” porque os dias são parecidos. Mas quando algo fora do comum começa a acontecer (pode ser a pandemia ou qualquer experiência pessoal), a gente passa a fazer esse processamento noturno com mais intensidade.

À Vice, Sidarta Ribeiro, neurocientista e autoridade sobre o assunto no Brasil, explica que os sonhos são um mecanismo evoluído há mais de 200 milhões de anos entre os mamíferos e que simula futuros possíveis com base no passado. Segundo ele, a psicanálise afirma há mais de um século que sonhar faz bem, mas que a neurociência só começou a encontrar benefícios neste processo natural há pouco mais de uma década. Basicamente, sonhar nos ajuda a lidar melhor com as coisas que nos cercam.

Quando perguntei no Instagram se alguém andava tendo sonhos impressionantes, 85% das seguidoras disse que sim. Conversando com o André Alves, que comanda a Float, agência especializada em fazer pesquisas sobre comportamento e futuro, 60% dos participantes que responderam a mini-pesquisa feita por eles no Instagram disse que andava se lembrando mais dos sonhos ultimamente. Junto com o Lucas Liedke, seu sócio e psicanalista, eles publicaram uma ótima série de posts falando que olhar pros nossos sonhos é um ótimo jeito da gente ficar mais íntimo das nossas emoções.

Manter um diário de sonhos pode ser uma ferramenta para aumentar o contato com esse nosso universo interno. Segundo Sâmara Jorge, psicoterapeuta junguiana, sonhos ‘falam’ através dos símbolos e, por isso, muitas vezes eles acabam parecendo sem sentido para a nossa consciência. “É como se, nos predispondo a dar mais atenção ao que vem de dentro, abríssemos um canal de comunicação com o inconsciente. E, se partirmos da ideia de que o inconsciente traz notícias de processos, emoções, pensamentos e impressões que não são conscientes para nós, anotar o que sonhamos ajuda a abrir espaço para observarmos e nos relacionarmos melhor com nossa vida interna, integrando outros aspectos do nosso psiquismo à consciência”, disse.

Gosto da ideia que a gente pode soltar o controle que desejamos ter sobre nós e sobre a nossa mente para simplesmente deixar que as coisas aconteçam, sem julgamento ou consequências. Não é muito bonito e íntimo poder, literalmente, assistir como a gente anda lidando e cuidando de nós mesmas a partir dos desejos, medos e mudanças que estamos vivendo?

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