Perfumes pós-pandemia,  pesquisa sobre dignidade menstrual no Brasil e mais notícias
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Perfumes pós-pandemia, pesquisa sobre dignidade menstrual no Brasil e mais notícias

por Manuela Aquino

A movimentação do consumidor na pandemia em direção a práticas de autocuidado e bem-estar teve impacto direto nas vendas de fragrâncias para corpo e ambiente. Segundo matéria da Bussiness of Fashion, que analisa a oportunidade pós-pandemia para o setor, no primeiro trimestre de 2021, as vendas de fragrâncias chegaram a 954 milhões de dólares — um aumento de 82% em relação ao primeiro trimestre de 2020 e de de 35% em relação à pré-pandemia, em 2019. Duas frentes saltam aos olhos: a primeira são os avanços em sustentabilidade. Embora, no mundo das fragrâncias, esta questão ainda engatinhe, alguns movimentos já começaram a ser feitos (leia mais aqui), como grandes empresas que passaram a investir em upcycling. “É uma maneira vital de fazer melhor uso dos recursos da terra para reduzir nosso impacto sobre o meio ambiente”, disse ao BOF Emily Bond, chefe de fragrâncias finas da América do Norte da Givaudan, um dos maiores fabricantes de fragrâncias do mundo. A Givaudan usou ingredientes reciclados para fragrâncias como Forest Lungs da Nue Co. e St. Rose’s Vigilante. Outro ponto de atenção para a indústria vem da Geração Z, que deu a dica de que produtos sem gêneros agradam mais. Cinquenta por cento dos membros desta geração acreditam que os rótulos de gênero são antiquados, de acordo com uma pesquisa da Bigeye. Quem saiu na frente foi Rihanna, que lançou recentemente seu Fenty Eau de Parfum, uma fragrância sem gênero.

Consumidor não espera só mais um bom cheiro
A tendência é que este número de vendas continue em alta. Só que agora o consumidor não quer somente um cheirinho pra chamar de seu, ele quer fragrâncias com benefícios, de preferência para a mente. Por aqui, o Boticário acaba de lançar a linha Aroma&Terapia, que traz itens de perfumaria para corpo e ambiente desenvolvidos com as vantagens da aromaterapia, indo de encontro com os desejos do consumidor: segundo o Google Surveys, 72% das buscas sobre produtos de beleza estão associadas ao relaxamento. “Com benefícios comprovados pela neurociência, independentemente de ser para relaxar, energizar ou desestressar, eles levam você para um lugar de bem-estar”, explica Cathyelle Schroeder, diretora de Comunicação do Boticário. Outra novidade, alinhada a esse conceito de bem-estar no mundo das fragrâncias, vem da International Flavors & Fragrances que apresentou ao mercado brasileiro sua Science of Wellness (Ciência do Bem-Estar). O projeto une neurociência e dados de percepção do consumidor para desenvolvimento de fragrâncias em produtos de bens de consumo com pegada holística. “Apoiado pelo poder de 5 bilhões de dados, o programa Science of Wellness da IFF estimula a inovação ao propor combinações inesperadas de ingredientes para fragrâncias e cosméticos”, explica Nicolas Mirzayantz, presidente da Divisão de Fragrâncias — em 2020, um estudo da IFF com 20 mil consumidores mostrou que 87% têm preferência por fragrâncias com benefícios emocionais e físicos.

Cheiro de limpeza e segurança
Na recente pesquisa de tendências pós-pandemia, a Symrise, outra casa de fragrâncias de atuação global, trouxe insights de comportamento e consumo dos consumidores (incluindo brasileiros). O que mudou na nossa relação com higiene e seus cheiros? 76% dos consultados afirmaram que limpam a casa com mais frequência e 85% que se sentem melhor comprando produtos sustentáveis. Segundo o time da Symrise, a fragrância reforça a percepção de limpeza de um ambiente, traz uma sensação inconsciente de segurança, pureza e eficácia — especialmente quando dura mais tempo. O significado de higiene também se expandiu para muitos consumidores, que desejam produtos que vão além da funcionalidade e adicionam bem-estar na rotina.

Top 5

1. Instituto Avon investe em iniciativas para mulheres durante a pandemia
O braço social da Avon, investiu, em 2020, mais de R$ 4,5 milhões em projetos sociais para minimizar impactos da pandemia na vida das mulheres: por conta do isolamento (a vítima confinada e passando mais tempo com o agressor) os índices de violência aumentaram e houve um aumento de 22% nos casos de feminicídio nos primeiros meses de isolamento. O apoio às vítimas foi feito pelo o Programa Você Não Está Sozinha com atendimento global para a mulher em situação de violência, desde a assistência jurídica. Além disso, o isolamento também fez com que as pessoas adiassem consultas médicas e exames de rotina, como a quantidade de exames de detecção precoce do câncer de mama, por exemplo, que foi drasticamente reduzida, com uma queda de 50% no número de mamografias realizadas até julho de 2020, quando comparado ao mesmo período de 2018 e de 2019 — segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA). O Ligue Câncer, canal viabilizado pelo Instituto Oncoguia, recebeu investimento do Instituto para atendimento personalizado e tira-dúvidas sobre diagnóstico e tratamento.

2. Sempre Livre faz pesquisa sobre dignidade menstrual e saúde íntima
A falta de recursos para compras de produtos de higiene pessoal durante o período da menstruação atinge 4 entre 10 mulheres no Brasil. O dado foi revelado na nova pesquisa da Sempre Livre realizada em parceria com os Institutos Kyra e Mosaiclab. “Essa nova pesquisa foi feita justamente para atualizar informações sobre dignidade menstrual e saúde íntima, trazendo o tema à tona para que a gente consiga formar uma rede de apoio e fazer a diferença”, disse Cristina Santiago, diretora de Marketing da Johnson & Johnson Consumer Health. Os dados levantados são bem preocupantes: 28% das mulheres de baixa renda são afetadas diretamente pela pobreza menstrual, o que equivale a cerca de 11,3 milhões de brasileiras e 40% das mulheres afetadas têm entre 14 e 24 anos. A pandemia piorou a situação: 29% tiveram dificuldades financeiras nos últimos 12 meses para comprar produtos para menstruação e 21% têm dificuldade todos os meses. Para essas mulheres as alternativas são uso de jornal, miolo de pão, saco plástico entre outros, segundo o levantamento. Além de trazer luz à questão com esta nova pesquisa, a Johnson’s trabalha com esta pauta desde 2018 e no primeiro semestre de 2021, a Sempre Livre doou cerca de 400 mil absorventes ao UNICEF.

3. Plano para fim de testes cosméticos em animais avança na Europa
Na última quarta-feira, o Parlamento Europeu votou a favor de uma resolução que pede à Comissão Europeia que elabore um plano de ação para eliminar testes em animais em laboratórios. Uma vitória sobre os retrocessos em cima deste assunto ultimamente na região. A indústria de cosméticos é um dos alvos fortes, pois a Agência Química Europeia desconsiderou a proibição de longa data de testes de cosméticos em animais com a alegação de que para tal proibição seria necessários coletar mais dados. Porém testes em animais são, teoricamente, proibidos na União Europeia desde 2009 e, segundo informações divulgadas no site do Parlamento, 12 milhões (!) de animais já foram mortos em testes desde 2017. O plano pede mudanças “profundas e sistêmicas” e aponta que será preciso investimento e financiamento para implementação de métodos não baseados em testes em animais nas pesquisas científicas.

4. Mães brasileiras passaram a gastar mais tempo no banho
O momento de relaxamento no banho, para as mães sobrecarregadas na pandemia, foi mais do que isso: representou uma fuga da rotina de cuidados com casa, crianças e ainda gerenciamento de trabalho em home office. Segundo matéria do site Brazil Beauty News, das mães com filhos de até 18 anos, 45% afirmaram que passaram a gastar mais tempo no banho. “Momentos que até então eram considerados banais, como uma rotina de banho, se tornaram um ritual”, disse Débora Gentil, gerente de marketing da The Body Shop, à reportagem. Ainda há um outro dado bem interessante, vindo de uma pesquisa da Mintel: 41% das mães passaram a lavar o cabelo ao voltar para casa de locais públicos, sendo que 38% pretendem manter este hábito depois da pandemia. Assim como skincare, cabelos e itens de higiene pessoal tiveram crescimento expressivo durante a pandemia. Pelo jeito, boa parte de quem comprou foram as mães.

5. A retomada do mercado milionário dos dispositivos de beleza
O valor de mercado global de dispositivos de beleza para uso doméstico deve chegar a mais de 89 milhões de dólares em 2030 — só neste ano chegará a mais de 9 milhões com um crescimento de 25% em dez anos, de acordo com o relatório de pesquisa de mercado publicado pela P&S Intelligence. Durante a pandemia de COVID-19, o setor de dispositivos de beleza para uso doméstico teve um impacto negativo, já que a fabricação de todos os produtos não essenciais foi reduzida durante os bloqueios e as pessoas foram forçadas a ficar em casa, o que reduziu um pouco o foco na aparência. Agora, com a retomada, segundo a agência de pesquisa, as pessoas estão voltando a focar nos tratamentos, em busca de autoestima e retomando os cuidados mais intensivos com a pele, especialmente quando se fala em acne e melasma.

E mais
. O Grupo Boticário lançou lojas de parede em pontos estratégicos de São Paulo: no Terminal Rodoviário Tietê e na linha 4 Amarela do Metrô, onde é possível fazer as compras com celular, via QR Code.

. A L’Oréal Brasil recebeu o Troféu Sir George Earle, da Royal Society for the Prevention of Accidents (RoSPA) e se tornou líder mundial em saúde e segurança no trabalho.

. Gente nova: a rapper Saweetie é a nova embaixadora global da M.A.C e Amanda Gorman, a mais nova poetisa (queridinha) dos Estados Unidos, fechou contrato de três anos com a Estée Lauder e será o rosto da próxima campanha damarca.

. Foi divulgado, nos Estados Unidos, os vencedores do prêmio de beleza indie da Beauty Independent. O Beacon Awards Winners contemplou 24 vencedores entre 115 selecionados. A lista completa você pode ver aqui.

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