Prótese de silicone: estudo sugere que pacientes com implantes podem ter partículas de silicone no organismo
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Prótese de silicone: estudo sugere que pacientes com implantes podem ter partículas de silicone no organismo

por Larissa Nara

O assunto silicone anda em alta, especialmente quando falamos sobre explante de próteses – só no Brasil, o procedimento cresceu 33%, segundo reportagem do jornal O Estado de São Paulo — por diferentes motivos. Tem quem se incomode fisicamente com elas depois de um tempo, tem quem não se sinta mais confortável e há também relatos de sintomas que alertam a necessidade de estudos minuciosos sobre eleitos colaterais que as próteses podem apresentar.

No último mês, um artigo publicado pela revista acadêmica JAMA (The Journal of the American Medical Association) mostrou como os implantes de silicone coesivo e não coesivos vazam partículas e podem causar danos à saúde de pacientes. O estudo do pesquisador Henry Dijkamn, da Universidade de Ciências Aplicadas de HAN, na Holanda, revela que 98,8% das pacientes com próteses possuem partículas de silicone em seu organismo. O objetivo era avaliar a existência de migração do gel de silicone durante um longo período de tempo, incluindo o período em que os novos implantes mamários de gel de silicone coesivo foram usados.

Para isso foram coletadas amostras de tecido da cápsula e linfonodos de mulheres que se submeteram à remoção ou revisão de implantes mamários de silicone de janeiro de 1986 a 18 de agosto de 2020. De 389 mulheres com implantes mamários, 384 (98,8%) apresentaram silicones nos tecidos e em 86,6% foi detectada migração de partículas de silicone para fora da cápsula — não houve diferença estatisticamente significativa entre as mulheres com implantes de gel coesivo e aquelas com implantes de gel não coesivo. Em 5 mulheres (1,2%), nenhuma partícula de silicone foi detectada.

As descobertas sugerem que a migração das partículas podem contribuir com uma resposta imunológica do organismo — como são estranhos ao corpo, podem gerar efeitos negativos e acionar mecanismos de defesa que resultam em efeitos colaterais. Nas últimas décadas, tem havido uma discussão contínua sobre a toxicidade dos implantes e uma associação à complicações que podem envolver desde perda de cabelo, dores articulares, fadiga extrema até doenças autoimunes, como lúpus e fibromialgia. Em agosto deste ano, outro estudo conduzido pelo MIT (Massachusetts Institute of Technology) em parceria com cirurgiões plásticos do mundo todo (incluindo o Brasil) avaliou o tanto que a textura das próteses também pode afetar o sistema imunológico — algumas provocam maior resposta inflamatória do que outras.

Vale lembrar que as próteses disponíveis no mercado são biocompatíveis e os protocolos cirúrgicos rigorosos. Mas, cada vez mais, é importante frisar que critérios para elegibilidade da cirurgia estão ficando mais amplos, caminhando para uma necessidade de análise global de histórico de saúde, e não somente decisões estéticas.





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