O hype do Mounjaro, que chega oficialmente no Brasil
Saúde

O hype do Mounjaro, que chega oficialmente no Brasil

por Larissa Nara

foto: imagem gerada por IA

Dizer que 2024 foi o ano do Ozempic não é exagero. Embora o uso de remédios para emagrecer não seja exatamente uma novidade, o medicamento à base de semaglutida da dinamarquesa Novo Nordisk— desenvolvido para tratar diabetes tipo 2 — escalou de forma impressionante por promover, como efeito colateral, o emagrecimento. Com protolocos revisitados, essa nova classe de medicamentos se transformou em febre global, responsável por remodelar comportamentos sociais e mercados de consumo, inspirando não só o desenvolvimento de outras formulações similares, mas impactando também a economia em diversos setores e corroborando para movimentos como o culto à magreza nas redes sociais.

No episódio “Ozempiconomy” do podcast Ciao, Bela, tem mais sobre os impactos do medicamento no mercado:

Agora, o hype tem outro nome: Mounjaro. O medicamento da farmacêutica americana Eli Lilly superou o Ozempic em vendas em diversos países e provocou uma queda de 53% no valor das ações da Novo Nordisk no último ano — tirando da farmacêutica o posto de maior companhia europeia em capitalização de mercado, após o pico de US$ 650 bilhões no último ano.

Com chegada oficial ao Brasil na última semana a preços que variam entre R$ 1,7 mil e R$ 2,4 mil, a depender da dosagem, o Mounjaro já movimentava listas de espera em farmácias desde abril. A comoção foi tanta que agitou até o mercado paralelo: só nos primeiros meses de 2025, foram apreendidos R$ 3 milhões em unidades contrabandeadas nos aeroportos brasileiros, segundo reportagem do Uol.

O composto, cujo princípio ativo é a tirzepatida ganhou notoriedade por apresentar ainda mais resultados de perda de peso do que o Ozempic e menos efeitos colaterais. E a explicação está na composição. “O Mounjaro combina dois hormônios: é análogo de GLP-1 e de GIP. Por isso a potência é maior e mais rápida. Já o Ozempic e o Wegovy atuam apenas como análogos de GLP-1″, explica a endocrinologista Deborah Beranger.

Não é milagre
Apesar da empolgação em torno do Mounjaro, especialistas fazem um alerta: o uso deve ser criterioso e sempre acompanhado por um profissional de saúde. O medicamento está aprovado no Brasil para o tratamento de diabetes tipo 2, com foco no controle da glicemia e da hemoglobina glicada. Seu uso no combate à obesidade, por enquanto, é off label — ou seja, fora das previsões da bula. “Ainda não foi aprovado para obesidade, mas os estudos estão avançando. Um dos mais recentes compara o Mounjaro com o Wegovy neste contexto”, diz a médica.

Entre os efeitos colaterais possíveis, ela cita náusea, dor ou distensão abdominal e constipação, especialmente no início do tratamento. “Na prática, a gente vê o Mounjaro causar menos náusea do que o Ozempic ou o Wegovy. Mesmo assim, é essencial que a prescrição seja feita com acompanhamento profissional. A dose precisa ser evoluída de forma gradativa — nunca começando com uma dose alta”, completa.

Além disso, é importante lembrar que os benefícios da atividade física e a adoção de um estilo de vida saudável seguem tendo bastante impacto, sobretudo, pós-tratamento.

Compartilhe

Leia mais!