Recentemente, a Creamy, marca brasileira de dermocosméticos, inaugurou uma fábrica própria em Vinhedo, no interior de São Paulo. O novo espaço ocupa um terreno de 4.000 m², com 1.620 m² de área construída, que abriga não só a produção, mas também um laboratório de pesquisa e desenvolvimento. Ali serão atendidas também as marcas Skelt e The Joy Lab, em uma integração completa do grupo Skelt Beauty Brands. Autonomia, agilidade, controle de qualidade e melhor distribuição são os pilares do investimento que marca os cinco anos da Creamy marca, criada em 2019. Em entrevista ao Belezinha, o CEO Henrique Beleze, fala mais sobre o novo momento e futuro da marca.

A Creamy acaba de inaugurar sua própria fábrica. Por que esse passo agora e o que muda na operação e na inovação da marca?
A fábrica é um marco para a Creamy. A gente sentiu que, para continuar crescendo, precisava de mais autonomia e velocidade. Terceirizar fazia sentido no início, mas podia virar um gargalo. Com a fábrica, ganhamos controle total de qualidade, escala de produção e liberdade para inovar. O laboratório interno, liderado pelo nosso sócio e dermatologista Dr. Luiz Romancini, permite testar ideias e lançar produtos com muito mais agilidade. Antes, o processo era mais lento, dependíamos de terceiros. Agora conseguimos desenvolver, ajustar e testar tudo dentro de casa — e isso é transformador para uma marca de skincare científica.

A fábrica foi instalada em Vinhedo. Por que essa cidade? Já há produtos nascidos desse novo centro?
Foi uma decisão totalmente estratégica. Estar em Vinhedo nos coloca perto de São Paulo, onde está a maior parte dos nossos consumidores e nossos centros de distribuição, o que otimiza muito a logística, principalmente do e-commerce. E o primeiro fruto dessa nova fase já está no mercado: o Gel de Limpeza com Ácido Salicílico, 100% desenvolvido internamente. Ele traz uma combinação de ácido salicílico com mandélico e prebióticos, que ajuda a controlar a oleosidade sem agredir a barreira cutânea. Esse tipo de formulação faz muito sentido para o público brasileiro, que busca produtos leves e eficazes para pele oleosa, por conta do nosso clima tropical.

E como a expansão física e digital se encaixa nesse novo momento da Creamy?
O e-commerce continua sendo nosso canal mais forte e maduro — nasceu junto com a marca — e deve crescer cerca de 68% neste ano. Mas a expansão física vem para complementar essa presença. Hoje já temos lojas próprias e a meta é chegar a 55 unidades, unindo conveniência e experiência. O consumidor pode comprar online e retirar na loja, ou conhecer o produto presencialmente e depois recomprar no site. Essa integração é essencial para manter o crescimento sustentável.

Vocês também têm apostado em experiências presenciais, como o Creamy Lab. Como isso fortalece a relação com o público?
O Creamy Lab é uma extensão do nosso propósito: tornar o cuidado com a pele acessível e educativo. Nesses eventos, usamos o scanner de pele para mostrar as reais necessidades de cada pessoa e ajudá-la a escolher o produto ideal. É uma forma de aproximar o público da ciência por trás das fórmulas sem ser técnico demais. Essa interação gera confiança e reforça a transparência que sempre fez parte da Creamy.

Como é competir nas farmácias com marcas grandes e, ao mesmo tempo, manter a identidade leve e colorida que virou marca registrada?
A gente se posiciona pelo equilíbrio entre ciência e acessibilidade. A Creamy nasceu da experiência do Dr. Luiz com pacientes que tinham dificuldade de manter tratamentos dermatológicos caros. Por isso, nosso foco é entregar o máximo de resultado pelo melhor preço possível. E o visual colorido e divertido faz parte dessa proposta: queremos quebrar a ideia de que dermocosmético precisa ser sério e sem graça. Nossas embalagens são alegres, mas também funcionais — herméticas, para proteger os ativos e evitar oxidação, principalmente em produtos como a vitamina C.

E olhando para o futuro da Creamy, quais são os próximos passos?
Estamos expandindo o portfólio com cuidado. A ideia é continuar crescendo com propósito, sem perder a essência que nos trouxe até aqui: ciência acessível, formulações inteligentes e muita transparência com o consumidor. Entramos em cuidados corporais com o hidratante Ceramide Barrier e estamos testando uma linha capilar com peptídeos, mas ainda sem data de lançamento. O foco segue sendo consolidar a marca no Brasil, embora a nova estrutura de fábrica e P&D interno abra portas para a internacionalização.

TOP 3

1. Revolução no e-commerce à vista
ChatGPT e Walmart anunciaram uma parceria que promete mudar o jeito de comprar e consumir online. Nos Estados Unidos, a expectativa é sobre o impacto na Amazon — líder em vendas de cosméticos e referência no varejo digital. O Walmart vai integrar o recurso “Buy Now” diretamente no ChatGPT, permitindo que usuários pesquisem e comprem produtos sem sair da plataforma. A iniciativa busca desafiar o domínio da Amazon, que hoje detém cerca de 40% do e-commerce americano, contra 6,4% do Walmart. Segundo o presidente e CEO Doug McMillon, “a experiência de compras online está prestes a mudar”. O projeto reflete o novo comportamento de consumo impulsionado pela inteligência artificial: “ChatGPT gera cerca de 52 milhões de conversas diárias relacionadas a compras”. Logo mais, devem estar disponíveis experiências personalizadas com vídeos, áudios e links diretos de compra — um passo que pode transformar a jornada de consumo digital e acelerar a integração entre tecnologia, varejo e comportamento.

2. L’Oréal e Kering fazem negociação bilionária
O grupo francês Kering, dono de marcas como Gucci e Balenciaga, anunciou a venda de sua divisão de beleza para a L’Oréal por US$ 4,7 bilhões. De acordo com o Financial Times, foi uma das maiores transações do setor de cosméticos dos últimos anos e inclui uma licença de 50 anos para o desenvolvimento de fragrâncias das marcas de luxo, além da marca de perfumes Creed. A L’Oréal e a Kering firmaram uma parceria estratégica que promete transformar o mercado global de beleza e luxo. O negócio deve ser concluído em 2026 e une duas gigantes francesas em uma aliança inédita. Com o acordo, a L’Oréal se expande ainda mais na perfumaria de luxo e nicho, enquanto a Kering ganha fôlego em um momento de queda nas vendas, concentrando esforços em moda e joalheria. Segundo reportagem do WWD, especialistas classificaram o acordo como um “divisor de águas” no setor, que deve acirrar a competição com Coty, Estée Lauder e Puig. O movimento também pode acelerar novas aquisições por parte da L’Oréal — como já ocorreu com Aesop e Jacquemus Beauty — fortalecendo sua atuação em toda a cadeia da beleza, do mercado de massa ao alto luxo.

3. L’Occitane en Provence lança o primeiro frasco 100% feito de PET bio-reciclado
A L’Occitane en Provence lançou neste mês o Gel de Duche Cédrat em um frasco 100% feito de PET bio-reciclado, fruto da tecnologia enzimática desenvolvida pela Carbios. A inovação marca o relançamento das coleções perfumadas da marca e dá continuidade ao projeto-piloto iniciado em 2024. O processo criado pela Carbios decompõe resíduos de PET em seus monômeros, permitindo gerar novo plástico com a mesma qualidade do virgem. O material mantém brilho e transparência — diferentemente do PET reciclado mecanicamente — e ainda possibilita o reaproveitamento de frascos coloridos e multicamadas, antes difíceis de reciclar. Com isso, a L’Occitane reduz em até 92% as emissões de CO₂ em comparação à produção convencional de plástico, reforçando o compromisso da marca com práticas de economia circular e inovação sustentável.

E mais:

. A Unilever anunciou a venda da marca Kate Somerville para a Rare Beauty Brands. A marca de skincare é conhecida por seus produtos faciais e corporais, além da clínica em Melrose Place, em Los Angeles. Os detalhes financeiros do acordo não foram divulgados.

. A Avon expandiu a linha Power Stay para a perfumaria fina com o lançamento da Power Stay Deo Parfum. A fragrância traz a tecnologia Scent Lock, que promete 22 horas de fixação. Para o lançamento, a marca realizou uma ação na Avenida Paulista, em São Paulo, com café pop-up e experimentação.

. Em São Paulo, Sephora anuncia serviço exclusivo de maquiagem artística para o Halloween em suas lojas. São quatro opções de looks (R$ 249 cada) criados por maquiadores profissionais. Agendamentos devem ser feitos no site da marca.

. Nativa SPA, de O Boticário, estreou na SPFW assinando a beleza corporal do desfile da Normando com a nova linha Orquídea Lumière.

. Até 4/12 estão abertas as inscrições para a 2ª edição do Prêmio Dermatologia + Inclusiva, da divisão de Beleza Dermatológica da L’Oréal Brasil, que vai premiar quatro pesquisas científicas. Nesta edição o prêmio amplia seu escopo com trabalhos sobre pele e cabelo de pessoas negras, indígenas e transgêneras. Serão dadas bolsas de R$ 50 mil cada.