O que vem depois da era ‘clean girl’ na maquiagem, iniciativas de sustentabilidade e mais
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O que vem depois da era ‘clean girl’ na maquiagem, iniciativas de sustentabilidade e mais

por Manuela Aquino

foto: Rhode

 

“A gente se importa demais com skincare para voltar ao visual pesado”, disse ao Business of Fashion a maquiadora Mikai McDermott, em uma frase que sintetiza o momento: o movimento clean girl deve esfriar, mas não desaparecer. Pele iluminada, blush cremoso e finalização leve dominaram redes, conversas e lançamentos — um contraponto ao que vimos crescer nas ruas com cílios e sobrancelhas marcadas. É o que vem depois desse visual suave que a BOF tenta responder. O certo é que a geração Z segue dando as cartas: impulsiona cerca de 40% das vendas digitais de maquiagem, segundo NielsenIQ e Circana. Mas especialistas, como Mikai, acreditam que o make pesado não volta com tanta força. O cuidado com a pele virou parte central do consumo e criou uma simbiose entre as categorias. Não à toa, bases com ativos dermatológicos já representam quase 30% do faturamento da categoria nos EUA, enquanto primers com textura de sérum crescem mais rápido do que as bases tradicionais.

Produtos rosados, terrosos, contorno suave e sobrancelhas naturais mostram como a volta ao básico falou mais alto. O ano explodiu em lançamentos de makes em tons discretos. Chegou o glow longwear — e, com ele, outra categoria: a dos fixadores, em spray ou pó ultrafino. Segundo a YipitData, o One/Size On ’Til Dawn foi o produto de maquiagem mais vendido da Sephora no primeiro semestre de 2025: um fixador com ativos de skincare. Os lançamentos de 2025 reforçaram a lógica de “passar produtos mais inteligentes”, e não necessariamente menos produto. “O consumidor quer uma pele que aguente calor, trânsito, tela do celular. É função, não só estética”, declarou Lisa Pyne, da consultoria de tendências Stylus. Para as marcas, o desafio é entregar fórmulas inovadoras em difusores ópticos e silicones de baixo peso molecular.

O sinal de mudança sobre o que pode vir por aí está, sem exagero, nas redes. A geração Z dita ciclos de tendência cada vez menores, e um grunge leve começa a despontar: olhos com textura levemente borrada ao lado da pele ainda impecável. O TikTok — que influencia até 70% das compras de maquiagem da geração Z, segundo a McKinsey — tem impulsionado esse “grunge suave e bem hidratado”, com sombra esfumada de forma displicente e batom com gloss, mas sem contorno definido. Rachel Green, consultora de beleza, afirma que marcas já trabalham em ferramentas e aplicadores diferentões para facilitar esse efeito: “Pincel que aplica blush em formato de coração, aplicador que deixa o delineado imperfeito de propósito, e batons que já vêm no ponto de dar aquela manchadinha cool”, disse à BOF.

Se a tendência pegar, algumas marcas nem precisarão mudar tanto a rota: sticks — especialmente os multifuncionais — continuam entre os preferidos. Especialistas apontam que o movimento deve romper, ainda que suavemente, com a pele perfeitamente iluminada, trazendo cor e um borradinho como forma de expressão, mas sem abrir mão do tratamento da pele e da skinificação das fórmulas de maquiagem.

TOP 3

1. Cimed aposta no skincare com tecnologia coreana
A gigante do mercado farmacêutico apresentou a novidade ao varejo em uma viagem para mais de vinte clientes da Coreia do Sul, segundo a seção Painel da Folha de S.Paulo. A linha CBeauty é fruto de cinco anos de estudos sobre o mercado de beleza coreano. Para desenvolver produtos seguindo o protocolo da K-Beauty, a Cimed firmou parcerias com laboratórios especializados em biotecnologia e fermentação de ativos. Serão sete produtos no início, desenvolvidos tanto no Brasil quanto na Coreia, e com ativos em alta como o PDRN. O negócio promete, considerando os resultados da empresa, que faturou R$ 3,6 bilhões, no ano passado, e as oportunidades do mercado de beleza coreana, hoje acima de US$ 13,1 bilhões, segundo a GlobalData. A nova linha chega ao mercado no segundo semestre de 2026.

2. China na linha de frente pela longevidade
A corrida chinesa para liderar a ciência da longevidade entrou em uma nova fase — e o objetivo é chegar na frente, segundo matéria do NY Times. Com investimentos estatais e privados que ultrapassam dezenas de bilhões de dólares, pesquisadores e empresas falam em viver até os 150 anos de forma saudável como uma possibilidade não tão distante. A SuperiorMed instalou “ilhas da longevidade” pelo país: centros experimentais onde são testadas terapias regenerativas, engenharia genética, edição de células senescentes e sistemas de IA que mapeiam o desgaste molecular em tempo real. Cientistas dizem que tecnologias combinadas — como reprogramação celular e biomarcadores — podem elevar o limite biológico humano para 130 a 150 anos ainda neste século. A reportagem destaca também a Lonvi Biosciences, que desenvolve cápsulas de procyanidin C1, composto derivado da semente de uva com ação seletiva contra células senescentes. Para o governo chinês, o setor é estratégico, e startups dedicadas a terapias epigenéticas e órgãos impressos em 3D vêm recebendo incentivos.

3. Grupo Boticário lança plano climático inédito
A iniciativa foi lançada após as metas de descarbonização do Grupo serem validadas pela SBTi, tornando-o a primeira companhia da América Latina e Caribe no setor de bens de consumo duráveis, domésticos e pessoais a alcançar esse reconhecimento. O Plano de Transição e Adaptação Climática estabelece objetivos de curto e longo prazo alinhados ao limite de aquecimento global de 1,5°C e inclui metas para reduzir emissões nos escopos 1, 2 e 3, além da transição para energia renovável em toda a operação. O Grupo Boticário também estruturou um sistema interno para mapear vulnerabilidades da cadeia e prever riscos como enchentes e ondas de calor. A empresa ainda vai dobrar investimentos em energia renovável. “Não estamos falando apenas de compromissos, mas de um roteiro concreto que orienta a descarbonização da companhia”, afirmou Luis Meyer, diretor de ESG do Grupo.

E mais:

. O LinkedIn divulgou um levantamento que mostra mais de 260 mil profissionais da beleza ativos na plataforma, incluindo cabeleireiros, maquiadores, esteticistas, barbeiros, manicures e massoterapeutas. A região Sudeste concentra a maior parte dos perfis, com destaque para São Paulo (55 mil), Rio de Janeiro (29 mil) e Belo Horizonte (11 mil). As funções mais registradas incluem cuidado com as unhas (15 mil perfis), cosmetologia (14 mil), manicure (12 mil) e massagem terapêutica (9 mil). Apenas em 2024, mais de 18 mil profissionais do setor mudaram de emprego. O engajamento também cresce, com aumento de conversas e hashtags como beleza, autoestima, empreendedorismo feminino e negócios de beleza.

. A Symrise apresentou a Huston, uma plataforma global capaz de medir emissões de carbono tanto no nível de produtos quanto na vida corporativa. Desenvolvida em parceria com a CO2 AI, a ferramenta deve ajudar a companhia a acelerar a descarbonização em suas operações e portfólio. A CO2 AI já trabalha com empresas de bens de consumo e do setor químico.

. A L’Oréal fez um aporte na marca chinesa Lan, conhecida por fórmulas minimalistas e livres de ingredientes controversos. A gigante francesa amplia sua presença no ecossistema premium da China, mercado que já supera US$ 60 bilhões em beleza. A parceria deve impulsionar a inovação local e fortalecer a categoria de clean beauty na Ásia.

. Lá fora, a Sephora atingiu um recorde de 45 mil quilos de embalagens recicladas no programa de circularidade Beauty Repurposed, desenvolvido em parceria com a Pact Collective. É o maior volume desde o lançamento da iniciativa, presente em 600 lojas nos EUA e Canadá desde 2023 e voltada à reciclagem de embalagens complexas e com materiais misturados.

. O Brasil avançou duas posições no ranking mundial de maquiagem, segundo a Euromonitor, e agora ocupa o 7º lugar, atrás de mercados como Estados Unidos e China. O salto foi impulsionado pelo crescimento pós-pandemia, pelo aumento do consumo de produtos multifuncionais e pelo fortalecimento de marcas locais. As vendas brasileiras no setor chegaram a R$ 12,3 bilhões em 2024, com previsão de crescer 65,5% até 2029.

. L’Oréal Brasil promove dois webinars sobre Dermatologia + Inclusiva nos dias 25 e 28/11, reforçando a necessidade de pesquisas mais representativas para a pele brasileira. Assista aqui. Os encontros também orientam sobre a inscrição no Prêmio Dermatologia + Inclusiva, que segue aberta até 4/12.

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